Influência das condições de secagem em leito fixo nas folhas de Eucalyptus grandis para obtenção de extratos bioativos

Autor: Bruna Lauermann

As plantas aromáticas com suas propriedades medicinais e farmacêuticas têm sido foco de estudos científicos na busca por compostos fenólicos (CF). Os CFs são agentes fitoquímicos que compõem o metabolismo secundário das plantas, são antioxidantes naturais, possuem ação bactericida, fungicida, inseticida e apresentam poder farmacológico. O Eucalyptus grandis é a espécie mais cultivada no Brasil. Suas folhas são normalmente descartadas como resíduos durante a colheita e no processamento mecânico da madeira. Devido ao grande volume gerado, são materiais de grande potencial de estudos. Uma de suas aplicabilidades já estudada para fins medicinais, é para obtenção de óleos essenciais, porém, é uma metodologia robusta e de baixa rentabilidade. Dessa forma, traça a oportunidade de ampliar os estudos em relação a esse subproduto. O objetivo deste trabalho é estudar a influência da secagem convectiva das folhas de E. grandis, em leito fixo, avaliar a influência na obtenção de compostos fenólicos e antioxidantes e realizar a caracterização química e microbiológica dos extratos obtidos por maceração e extração por ultrassom. Para avaliar a influência da secagem utilizou-se um planejamento composto central rotacional com temperatura do ar variando entre 45,9 e 74,1ºC e velocidade do ar variando entre 0,77 e 1,62 m.s-1. Com relação ao conteúdo de compostos fenólicos totais e atividade antioxidante (AA) diante do radical DPPH, os valores encontrados para a folha in natura foram 3,61 ± 0,98 mgEAG.gss-1 e 35,16 ± 2,15%, já para as folhas secas os valores obtidos foram de 15,36 ± 5 mgEAG.gss-1 e 92,49 ± 4,33% respectivamente. Na avaliação da cinética de secagem, foi verificado apenas o período correspondente à taxa de secagem decrescente. A análise estatística mostrou que a relação ao percentual de perda do conteúdo de compostos fenólicos totais e ao percentual de perda da atividade antioxidante, nenhuma das variáveis teve influência estatística significativa. As folhas secas na condição otimizada da operação de secagem foram utilizadas para obtenção de extratos fenólicos através de dois métodos: maceração e ultrassom com tempo de 30 min, obtendo resultados de CF 16,39 ± 1,50 mg EAG.gss-1 e 15,07 ± 0,84 mg EAG.gss-1 e AA de 92,50 e 93,30 %, respectivamente. Também foi realizada uma comparação em relação ao tempo de extração por ultrassom, em 5 min, com resultados de CF 11,77 ± 0,84 mg EAG.gss-1 e 93,25 ± 0,28% de AA. Os resultados estatísticos indicaram que não há diferença significativa entre 5 ou 30 min na extração por ultrassom para compostos fenólicos, porém, para atividade antioxidande esta variação foi significativa. Dessa forma, optou-se pelo tempo de 5 min. Foi realizada a caracterização do extrato por CLAE, encontrando como compostos majoritários verbascosídeo (8,11±0,6 mg.g-1 .) e quercetina ( 0,47±0,26 mg.g-1). O extrato de folhas de E. grandis apresentaram atividade antimicrobiana contra cepas de E. coli e S. coccus, com CMI 6 mg.L-1 e CMB de 8 mg.L-1 para ambas. Este trabalho demonstra que as folhas de E. grandis possuem capacidade de fornecer extratos com potencial bioativo e antimicrobiano, potencializados com a operação de secagem, tornando-se uma fonte sustentável a ser explorada pela indústria.

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